quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - Saberes Necessários à Prática Educativa - Prof. Paulo Freire.



                                                                            Prof. Eduardo José Cordeiro
                Este livro é importante e necessário a todo educador que se diz voltado para uma relação ensino/aprendizagem diante dos desafios e novidades do novo século, de interação e respeito à vida, à comunidade, ao saber, aquele saber construído e transformado pela reflexão. O processo de globalização, o avanço das novas técnicas têm posto novas exigências em relação à escola e à formação docente. “A questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativo-progressiva em favor da autonomia do ser dos educandos é a temática central em torno de que gira este texto.” [1] A especificidade do saber docente ultrapassa a formação acadêmica, abrangido a prática cotidiana e as experiências.
                  Paulo Freire em 03 capítulos subdivididos em tópicos agradáveis de ler, com linguagem fácil e com maestria na exposição do seu pensamento, vai nos orientando para uma prática de ensino onde esteja presentes sempre o humanismo, o respeito ao saber do outro, a interação entre docentes e discentes, e a responsabilidade do educador como ser em constante movimento de aprimoramento pessoal e profissional, para desenvolver uma prática voltada para a criticidade e respeito pela diversidade cultural e multiplicidade de conhecimentos; “ É neste sentido, por exemplo, que me aproximo de novo da questão da inclusão do ser humano, de sua inserção num permanente movimento de procura, que rediscuto a curiosidade ingênua e a crítica, virando epistemológica.”[2]
                         Ensinar exige segurança, competência profissional, e generosidade; é transferir conhecimento, e exige curiosidade nesta prática; com chamadas como estas, o autor vai desenvolvendo esta obra que é um reflexo de sua vivência dedicada à educação, na lida com comunidades as mais diversas e carentes de uma educação que a verdadeira democracia deveria abordar e construir.
                         “Ensinar exige rigorosidade”, ou seja, ensinar não se esgota no tratamento do objeto ou do conteúdo, todavia se alonga à produção de condições em que aprender criticamente é possível, exigindo a presença de educadores e educandos criativos, investigadores e inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes. Nas condições de verdadeira aprendizagem os discentes e docentes vão se transformando em reais sujeitos da construção e reconstrução do saber ensinado.
                        “Ensinar exige pesquisa”; não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. [3] E cabe ao professor continuar pesquisando para que seu ensino seja propício ao debate e a novos questionamentos. A pesquisa se faz importante, pois nela se cria o estímulo e o respeito à capacidade criadora do educando.
Ainda faz parte do fazer pedagógica, a simplicidade que deve nortear todos os outros procedimentos do professor progressista comprometido com a troca de saberes, assim como, a alegria proporciona um estado de bem-estar no decorrer do processo de educação.
Paulo Freire em sua análise menciona alguns itens que considera fundamental para a prática docente, enquanto instiga o leitor a criticá-lo e acrescentar a seu trabalho outros pontos importantes.
                        Inicia afirmando que "não há docência sem discência" (p. 23), pois "quem forma se forma e re-forma ao formar, e quem é formado forma-se e forma ao ser formado" (p.25). [4] Não há docência sem discência, as duas se explicam. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa á alguém. Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo historicamente que homens e mulheres descobriram que era possível ensinar[5]. Entendemos que o autor aconselha a escola e os professores que respeitem os saberes dos educandos e sempre que possível, trabalhar seu conhecimento empírico, sua experiência anterior. Aconselha-se a discussão sobre os problemas sociais que as comunidades carentes enfrentam e a desigualdade que as cercam.
                        O professor que não leva a sério sua formação, que não estuda, nem se aprimora, não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. “Ensinar não é transferir conhecimento” é a frase dominante do livro que remonta sua própria teoria do ensino bancário.
                       Quanto a sua formação, todavia, há professores cientificamente preparado, mas autoritários e arrogantes, ou seja, a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor. A autoridade coerentemente democrática quer de si mesma, quer do educando, para a construção de um clima de real disciplina, jamais minimiza a liberdade.
O autor vai lentamente introduzindo conceitos que se misturam e se complementam às vezes de maneira sutil, e em outras ocasiões de maneira objetiva e absolutamente sincera.
Uma das principais mensagens que o autor deixa nesta obra, é o significado do ensinar.
A Pedagogia da Autonomia é sem dúvida uma das grandes obras da humanidade em prol duma educação que respeita todo o educando (incluindo os mais desfavorecidos) e liberta o seu pensamento de tradições desumanizantes.
                      “Ensinar exige estética e ética”; os professores têm grande responsabilidade ao ensinar e devem ser dotados de ÉTICA, sendo esta intimamente relacionada ao seu preparo científico, combatendo a crueldade da ética do mercado capitalista. Paulo Freire beira o moralismo quando se põe a discutir sobre os preconceitos embutidos consciente ou inconscientemente no processo educativo.
                      “Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo”; um exemplo vale mais que mil palavras – diz um sábio ditado. É importante saber que, dentro de sala e fora dela, o professor é alguém em quem o aluno se espelha, uma vez que este é (ou deveria ser) o seu mais concreto exemplo de sabedoria, de caráter. Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. [6] A cada dia há uma nova aprendizagem em nossa vida. Ao ensinar a gente aprende e com isso a gente ensina melhor. Isso sempre se transforma num movimento contínuo e, o melhor, produtivo.
                        O pensamento freiriano é extenso e gastaria muito tempo para analisar todo o seu pensamento à cerca da educação; mas percebe-se que na prática do ensino existem dezenas de critérios para fazê-la bem, dentre elas podem-se enumerar algumas como: rigorosidade metódica; pesquisa; respeito aos saberes dos educandos; criticidade; estética e ética; corporeificação das palavras pelo exemplo; risco, aceitação do novo e rejeição a quaisquer formas de discriminação; reflexão crítica sobre a prática educativa; reconhecimento e assunção da identidade cultural; quanto ao reconhecimento da identidade cultural, o respeito é de fundamental importância na prática educativa. Um simples gesto do professor faz diferença representativa na vida de um aluno. O que parece insignificante pode ser força formadora para o desenvolvimento intelectual do educando; Reconhecimento de ser condicionado; respeito à autonomia do ser do educando; bom senso; “A vigilância do meu bom senso tem uma importância enorme na avaliação que, a todo instante, devo fazer de minha prática.” [7]O bom senso deve está intimamente ligado ao trabalho educativo, haja vista, que cada professor tem seu jeito próprio de ser, ou seja, ninguém é igual, uns são autoritários, outros mau-humorados, outros alegres e deixam marcas e a maneira de ser influencia na vida do discente.Inclusive, o autor chama à atenção quanto à necessidade da lutar pelos direitos adquiridos, assim como também pelas plenas condições para o exercício de suas funções enquanto docente.
                     Portanto, dentro dessa perspectiva, pode-se afirmar com base no pensamento do autor que, ensinar realmente, implica na luta pelos direitos dos educadores e na utilização da humildade e tolerância no contexto da vida cotidiana da sala de aula. Convicção da possibilidade de mudança; comprometimento; compreensão de que educação é forma de intervenção no mundo; essa compreensão deve estar presente na prática-educativa de maneira crítica, da oportunidade de debates a respeito de questões importantes que permita ao aluno se posicionarem-se diante das realidades; disponibilidade para o diálogo; por fim querer bem aos educandos.
                   Concluindo, o autor afirma ser necessário um pouco de radicalidade nas ações; “estou convencido, porém de que a rigosidade, a séria disciplina intelectual, o exercício da curiosidade epistemológica não me fazem necessariamente um ser mal-amado, arrogante, cheio de mim mesmo.”
[1] Freire, Paulo; PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes Necessários à Prática Educativa São Paulo: Paz E Terra, 1996 – Coleção Leitura- 18ª Edição. Primeiras Palavras.
[2] Freire, Paulo; PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes Necessários à Prática Educativa São Paulo: Paz E Terra, 1996 – Coleção Leitura- 18ª Edição. Primeiras Palavras.
[3] Freire, Paulo; PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes Necessários à Prática Educativa São Paulo: Paz E Terra, 1996 – Coleção Leitura- 18ª Edição; Cap.1, p.9.
[4] Freire, Paulo; PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes Necessários à Prática Educativa São Paulo: Paz E Terra, 1996 – Coleção Leitura- 18ª Edição; Cap.1, p.6.
[5] Freire, Paulo; PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes Necessários à Prática Educativa São Paulo: Paz E Terra, 1996 – Coleção Leitura- 18ª Edição; Cap.1, p.6.
[6] Freire, Paulo; PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes Necessários à Prática Educativa São Paulo: Paz E Terra, 1996 – Coleção Leitura- 18ª Edição; Cap.1, p.10.
[7] Freire, Paulo; PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes Necessários à Prática Educativa São Paulo: Paz E Terra, 1996 – Coleção Leitura- 18ª Edição; Cap.1, p..

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ano Novo!!!

Eduardinho.
O ano novo bate em nossas portas e começo a pensar... como será o próximo ano...?  Devemos fazer uma revisão de vida  e ver onde erramos e onde podemos melhorar...!  Devemos analisar nossas relações com família, vizinhos... amigos... e ver se temos algumas arestas para aparar..., pois sempre fica algumas tão bobas e queremos sempre ter razão...!
Vamos renovar as esperanças na vida, pois é hora de recomeçar..., tem tanta gente esperando um sorriso seu para chegar perto de você... Sorria... afinal de contas...nós somos o amor...o hoje...e o amanhã.
Aproveite o Ano Novo e faça uma Boa Viagem; participe de uma Festa animada e dê presentes.
FELIZ 2011 PARA TODOS...!!!

Imaterialidade: Marujada de Nossa Senhora do Rosário - Felicio dos Santos.

Fonte: Secretaria de Cultura de Felicio.
Prof. Eduardo José Cordeiro.
   A Marujada largamente praticada no Brasil tem sua origem controvertida para uns, é obra anônima, para outros é de origem ibérica.Na grande extensão territorial brasileira recebeu diferentes denominações: Nau clarineta, na Paraíba; Barca, em Minas Gerais; Barquinho, Fragata, no interior Baiano, certamente fragmentos da Marujada; Marujos, no Piauí; Fandango, na região da jangada, no Ceará, onde é praticada com maior amplitude, como atrativo alto, das festas Natalinas.[1]
   A Dança dos Marujos ou Marujada é praticada, no litoral piauiense, cantada e declamada. A Marujada é dançada mais precisamente, em Parnaíba.
A Marujada ou Marujos é uma dança de chegança, que tem como expressão máxima o canto e o diálogo. Conta a história por demais arcaica de uma barca perdida no oceano e os feitos heróicos da viagem, que teve final feliz graças ao milagre de Nossa Senhora. O enredo fala também da luta entre cristãos e mouros, numa clara referência a Portugal.
   A Marujada é tipicamente portuguesa, sobretudo na música e no conteúdo. A coreografia é simples: consta de movimentos imitando balanço das ondas do mar. Cada participante bate o seu maracá, seguindo os cantos e sugerindo o quebrar das ondas.
   A prática da Marujada tem fortes laços com outra, mais famosa e relevante, celebração de cunho religioso: a Festa do Rosário. Essa se faz presente desde os primórdios da formação cultural de Minas Gerais. Remontando ao século XVIII, contemporaneamente à formação das Irmandades religiosas dos negros, que tinham em Nossa Senhora do Rosário a sua fortíssima padroeira.
Ainda em relação à festa do Rosário, há de se ressaltar a importância que se insere na prática de celebrações culturais como essas. As raízes culturais de um povo ou região tem a possibilidade de se mostrar, claro, se utilizando de várias simbologias, que ocultam identidades caríssimas às origens da formação social mineira. Encontramos sem dificuldade diálogos claríssimos com as culturas vindas de África, que atravessam o Atlântico, passaram por “remodelagens” com o decorrer do tempo histórico, e nos servem, hoje, de alicerce para o desenvolvimento de determinadas regiões, respeitando as suas origens e seus laços culturais.
A celebração da Marujada foi desenvolvida com a intenção de embelezar a festa da Nossa Senhora do Rosário.
A marujada surgiu no Município de Felício dos Santos por volta dos anos 1943; foi inspirada a idéia e trazida para esta cidade por oradores da Região de São Gonçalo, onde a marujada já existia por mais tempo. O grupo perdura até os dias atuais, devido o esforço empregado por parte dos netos, bisnetos, parentes e amigos da geração primeira a ser realizada as manifestações da marujada.
 Os seus primeiros membros foram: Geraldo Andrade, João Brisa, Saturnino Sabino Lopes, senhor João de Anjo e o Antônio Tomás. Constam que estes chegaram a Felício dos Santos em 1940; ou seja, foram 3 (três) anos de preparação para manifestação pública da Marujada.
Hoje contamos com vários membros, dentre eles: Olegário Sabino, Vera Lúcia Serpa da Meira Andrade, Antônio Ferreira dos Santos, João Ascensão dos Santos, José Brigido dos Santos, Afonso de Jesus Gomes, Pascoal Antônio Silvério, Ademir Ferreira Veloso, José Dias, João Antônio dos Santos, Robson Eduardo Moura Chaves, Expedito Borges, José Honório dos Santos, Nilo da Consolação Silvério.
Após anos de atividades, a comunidade se mobilizou na tentativa melhorar e desenvolver melhor as atividades; criaram uma Associação.
A Associação da Marujada de Nossa Senhora do Rosário de Felício dos Santos foi fundada no dia 21 de dezembro de 2002, com conquistas institucionais e burocráticas consecutivas, tendo como resultado o encaminhamento feito de documentação necessária para o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica. O Fundador da Associação e foi o Senhor Olegário Sabino, sendo ele também o primeiro presidente, com mandato de seis meses.
Nos anos anteriores à fundação da Associação, a Marujada se reunia na praça da Matriz para os ensaios, ou em áreas de quintais das casas dos membros,por vezes a Prefeitura sedia alguma espaço nos fundos da Prefeitura para as reuniões;atualmente os encontros acontecem na Sede da Associação.
Neste ano de 2010, a Festa do Rosário da cidade de Felício dos Santos está completando 68 anos de existência; e a Marujada com 67 anos de existência.

Artesanato- Arte e Técnica - Senador Modestino - Vale do Jequitinhonha.

Fonte: Aléx - Senador.
Prof.Eduardo José Cordeiro.
Informações Abreviadas.
            A prática do uso das fibras da bananeira chega ao município de Senador Modestino Gonçalves no final do Século XVIII e início do XIX. Sem datas acertadas; mas encontra traços desta herança deixada, até dias atuais.
Foi o século XVIII e fortemente inicio do XIX, especificamente o período histórico do tropeirismo,quando surgiram as primeiras fabricações de esteiras,peneiras; e as técnicas do uso das fibras de bananeira já eram utilizadas para a confecção de esteiras pra dormir. Isso ocorreu na região de Senador Modestino. E vem perpetuando por anos a fora.
Mas tomou um novo impulso no ano de 2006, com a criação da Associação de Artesãos. Mas estas atividades começaram nos quintais das casas da Família Amaral, depois outras famílias foram aprendendo e começaram também a trabalhar em suas casas; cada família cultivava o plantio de bananeiras nos fundos dos quintais, até ser criada a Associação.
Estes artesãos são formados por pessoas de diversas idades: Terceira idade, jovens e crianças. A maioria dos membros são filhos, netos, parentes próximos, distantes, amigos, conhecidos da Família Amaral; afirmam que esta é uma das famílias mais antiga na técnica em fibras de bananeira e que seus antepassados já fabricavam o artesanato.
As atividades foram ampliando suas atividades à medida que o grupo de artesãos foram aumentando, devido o incentivo do governo municipal através da casa de cultura. Com o crescimento continua do grupo, com a procura intensa do produto por turistas e visitantes; com a procura intensa conseqüente das mostras culturais no município, Belo Horizonte e outras regiões, causaram o desenvolvimento da técnica e a permanência desses trabalhos até o tempo presente.
 Tendo a prática e a técnica do artesanato todo esse aporte burocrático já bem instituído, uma organização e atuação em conjunto com a comunidade local, é de suma importância que seja reconhecido como um bem imaterial a ser preservado. Trata-se do passado, e presente da memória, da tradição de um povo, de uma região de suma importância na história do estado de Minas Gerais e também do Brasil.
O mercado Municipal é o lugar onde ocorrem as manifestações artísticas e as reuniões, assim como as atividades de construção artesanal. 

Identificação Dos Agentes E Descrição dos Papéis/funções.
Os artesãos ou grupos de artesãos recebem uma classificação segundo a forma de organização do trabalho que executam. São identificadas as seguintes funções e estruturas organizacionais:
Mestre artesão: Indivíduo que se destacou em seu ofício, conquistando admiração e respeito não somente de seus aprendizes e auxiliares artesãos, como também dos clientes e consumidores. Sua maior contribuição é repassar, para as novas gerações, técnicas artesanais e experiências fundamentais de sua atividade.
Artesão: É o que detém conhecimentos técnicos sobre os materiais, ferramentas e processos de sua especialidade, dominando todo o processo produtivo.
 AprendizÉ o auxiliar das oficinas de produção artesanal, encarregado de elaborar partes do trabalho e que se encontra em processo de capacitação.
Artista: Todo artista deve ser, antes de tudo, um artesão, no sentido de dominar o "saber fazer" de sua área de atuação. Desenvolve em seu trabalho uma coerência temática demonstradas em seu compromisso de criar sempre coisas novas e ir além do já conhecido.
Núcleo de produção familiar A força de trabalho é constituída por membros de uma mesma família, alguns com dedicação integral e outros com dedicação parcial ou temporária. A direção dos trabalhos é exercida pelo pai ou pela mãe (dependendo do tipo de artesanato que se produza), que organizam os trabalhos de filhos, sobrinhos e outros parentes. Em geral não existe um sistema de pagamentos pré-fixados, sendo as pessoas remuneradas de acordo com suas necessidades e disponibilidade de um caixa único.
Grupos de produção artesanal: Agrupamentos de artesãos atuando no mesmo segmento artesanal ou em segmentos diversos e que se valem de acordos informais, como aquisição de matéria-prima e/ou de estratégias promocionais conjuntas e produção coletiva.
Empresa artesanal: São núcleos de produção que evoluíram para a forma de micro ou pequenas empresas, com personalidade jurídica, regida por um contrato social. Como quaisquer empresas privadas, buscam vantagens comerciais para continuar a existir. Empregam artesãos e aprendizes encarregados da produção e remunerados, em geral, com um salário fixo ou uma pequena comissão sobre as unidades vendidas.
Associação: AMA - Uma associação é uma instituição de direito privado sem fins lucrativos, constituída com o objetivo de defender e zelar pelos interesses de seus associados. São regidas também por estatutos sociais, com uma diretoria eleita em assembléia para períodos regulares.
O artesanato à base de fibras de bananeira em Senador Modestino parte de uma divisão de tarefas simples, porém, organizada. O trabalho, como ressaltado, está em processo de organização cooperativa, o que coloca todos os artesãos na condição, também de promotores e vendedores de sua própria arte.
Para tanto, têm sido oferecidos cursos básicos, em parceria com o SEBRAE, de administração e marketing, buscando desenvolver nos cooperativados um espírito também empreendedor e comercial.
A partir disso, a estrutura vertical linear dá lugar a uma estrutura democrática e rotativa, na qual todos os artesãos são igualmente responsáveis por sua produção e pela comercialização da mesma.
No processo de produção cooperativa, os manufatores, através de parcerias com o Governo do Estado, Prefeitura e SEBRAE, desenvolvem condições de encontrar parceiros comerciais, especialmente compradores, aumentando seu rendimento e potencializando a dimensão empreendedora do seu trabalho.
A produção artesanal de objetos a partir da fibra de bananeira tem se tornado, então, muito mais organizada, com a divisão e, também, a diversificação de tarefas, as quais incluem, como exposto acima, muito mais que a simples produção, ou antes, a produção doméstica.
De fato, a organização de trabalho atual, embora abrindo mão de protagonistas determinados, torna todos os artistas protagonistas do processo, partícipes de um objetivo que é de cada um, porém do grupo.
O processo, no entanto, é organizado e dividido, realizando-se uma divisão de trabalho dada por condição de proximidade e facilidade na produção de determinados produtos.
Assim, as tarefas na produção vão sendo colocadas de acordo com a especialidade de cada artesão, aproximando, assim o artista do trabalho que o identifica além de, obviamente, potencializar a produção.
Essa estrutura, entretanto, não é cristalizada, apresentando variantes de acordo com a demanda, havendo rotatividade em caso de necessidades maiores na produção de determinado tipo de peça.
Essa mobilidade permite, ao mesmo tempo, assegurar a cada um aquilo que lhe é mais peculiar, ou seja, seu espírito criador, ao passo que, também, apresenta à arte de cada um seu espírito funcional.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Imagem do Bom Jesus de Peixe Cru.

Projeto de Restauração da CEMIG.
                                                                                   Prof.Eduardo José Cordeiro.
  Histórico do Bem Cultural: Imagem Do Bom Jesus de Peixe Cru.
         A devoção ao Senhor Bom Jesus está entre uma das mais antigas do Brasil, tendo sua origem em Portugal, país em que essa devoção tem enorme difusão através da história.
      Essa correspondência se traduz em algumas similitudes, as quais se observam entre igrejas e celebrações, cuja correspondência se mostra entre tal cultura no Brasil e em Portugal.
Exemplo disso está na Igreja de Bom Jesus de Peixe Cru, em Turmalina, cuja devoção, segundo levantamento feito pela Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) empresta título provável à imagem de Irapé.
         Essa Igreja, construída em estilo barroco, na qual se localizam as famosas esculturas dos apóstolos, esculpidas pelo mestre Aleijadinho, tombadas como Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO, encontra inspiração na famosa conjunto do Santuário de Bom Jesus de Braga.
       Essas similitude não é fruto de mero acaso, já que essa devoção ao Senhor Bom Jesus está entre as devoções mais populares em Portugal e na Espanha, sendo trazida ao Brasil maciçamente através do processo de colonização.
Sua origem, entretanto é, ainda, desconhecida, perdendo-se em séculos, talvez milênio de história, confundindo-se com as lendas e fatos que povoaram todo o processo histórico do cristianismo.
       Essa festividade encontra-se no rol das chamadas festas de tradição popular, entre as quais pode-se situar, por exemplo as tão conhecidas festas do Divino, com muitas ocorrências, inclusive, em Minas Gerais.
       Uma característica desse tipo de celebração é sua grande disseminação, nos diversos cantos, transfigurando-se sempre com rostos, os quais se identificam com a realidade e a vida da comunidade.
          As devoções populares assumem no “sobrenome” o nome da própria comunidade, como é o caso de Bom Jesus de Peixe cru.
         Provavelmente por isso, essas festas, dada sua proximidade com a vida da comunidade, assumem tão grande força entre a população católica, que vê nesses santos um elo entre o grande Deus e esse pequeno ser humano .
       No Brasil, as maiores festas de expressão religiosa são fruto desse tipo de devoção, como a festividade de Nossa Senhora de Aparecida, em São Paulo e a de Nossa Senhora do Círio de Nazaré, maior festa religiosa do país, no Pará. Interessantemente, nesse grupo se pode incluir a festa do Senhor Bom Jesus da Lapa, considerada a segunda maior festa religiosa do país, de ocorrência na cidade de mesmo nome, na Bahia.
         De todo modo, seja por força da colonização, seja por força da tradição, a festividade de Bom Jesus no país ganhou expressividade extremamente grande, multiplicando-se seus devotos e Igrejas em todos os lugares do país.
        As ocorrências incluem festas extremamente grandes como a supracitada em Bom Jesus da Lapa ou comemorações em comunidades menores, como o caso de Bom Jesus do Peixe Cru.
       Entretanto, mesmo nas pequenas comunidades, essa festividade é muito popular, como no caso da comunidade de “Peixe Cru”, hoje localizada no Município de Turmalina, para onde, como se viu, acorrem devotos dos mais diversos lugares.
        Como foi exposto já nesse trabalho, a força dessa festividade deve-se em grande parte à forte tradição histórica dessa festividade, a qual, como se viu, encontra-se imbricada no desenvolvimento da própria comunidade.
    A chegada ao local da imagem traduziu-se no início de um processo experiencial completamente novo para aquele povo. Como atestam os autos, o subsídio governamental destinava-se à reforma, bem como à confecção da imagem do padroeiro. Isso significa que, até então, não havia imagem do orago dentro da capela.
     A colocação, portanto, do crucifixo, marca o início de um novo período, no qual a representação imagética encontra lugar no devocionário, ampliando, assim, certamente, os modos de interpretação simbólica da comunidade.
      Como foi colocado, a imagem traduz-se num possível trabalho de sobreposição, cuja datação não se pode, entretanto precisar. Sua afirmação é, aliás, incerta, dada a falta de registros históricos a seu respeito.
         Entretanto, sabe-se que está presente na comunidade dentro de um intervalo de 1887 e 1923, primeira e segunda datas prováveis, até os dias atuais; considerando a primeira,podemos afirmar que a Imagem está junto à esta comunidade a 123 anos.
       Ao consultarmos a relação de Bispos que passaram pela Diocese de Araçuaí, onde esteve e está presente o Povoado de Peixe Cru, tanto a antiga comunidade, quanto a Nova Peixe Cru; percebemos que nos anos de 1887 Araçuaí ainda não tinha se transformado em Diocese, mas em 1913 tinha sido criado esta jurisdição eclesiástica e estava sob seu governo eclesial o Excelentíssimo Senhor D. Serafim Gomes Jardim da Silva.
     Em 1887 esta Capela estava sobre os cuidados da Diocese da Bahia;da qual foi desmembrado mais tarde e encardinado na Diocese de Araçuai recém criada. O Bispo que governava em 1887 era o D. Dom Luis Antônio dos Santos. O que imagina-se ter sido ele o incentivador da entronizaçâo da Imagem na refirida Capela.
           Afirma dona Maria muniz numa informaçâo oral:
“ Minha mâe dizia qua a chegada da Imagem pelos padres que vestiam uma roupa marrom, tinham barba grande e sandálias,foi uma festa para os habitantes. Muitos padres estavam presente, o Bispo celebrou a missa, o povo fez penitência e a Igreja ficou uma semana aberta,sem fecha em hora nehuma,e gente entra e gente saia. Na porta da Capela queima de fogos, leilâo pra arrecadar esmola pra Igreja. Foi uma fesata bonita demais.A fila pra confessar com o padre tava muito grande,todo mundo queria e depois iamacender vela pro Bom jesus.”
      Muitos outros Bispos que o sucederam Dom Luiz, que estão na Diocese de Araçuai provavelmente intensificou cada vez mais a devoçâo a esta imagem, inclusive nos governos de: José de Haas, OFM (20 de Março de 1937 - 1 de Agosto de 1956); Dario Campos, OFM (8 de Agosto de 2001 - 23 de Junho de 2004); Severino Clasen, OFM (11 de Maio de 2005).
        O que se pode afirmar seguramente com relação a esta imagem,que a sua existência têm participaçâo efetiva dos Frades Franciscanos,pois, consultado a história do Vale do jequitinhonha, perceberemos que os territórios eclesiáticos eram fortemtne marcado pela presenças dos religiosos.
      O período de virada de século, onde marcamos o surgimento desta imagem no povoado, 1923, de modo geral é importante de ser observado, já que se marca no mundo a Primeira Grande Guerra Mundial, a epidemia conhecida por Gripe Espanhola e a ascensão do Comunismo na Rússia.
      Na antiga comunidade, entretanto, sabe-se de uma epidemia de febre amarela, no mesmo período da epidemia espanhola, o que levou muitos a crerem numa identificação entre ambas. Percebe-se este fato histórico na oralidade dos antigos habitantes.
       A identificação de fé nesse período intensifica-se, com visitas de devotos da comunidade e das comunidades vizinhas, popularizando de todo modo a imagem do Bom Jesus do Peixe cru. Neste período ocorrem as missões, penitências, peregrinações, pedindo proteção contra as pestes e paz para o mundo devido à guerra.
Essa popularização intensificou-se com a presença dos frades franciscanos na região, durante desde o século XX, os quais de todo modo, incentivaram intensamente o devocionário popular, incluindo aí a devoção a esse orago.
     Acredita-se também que esta imagem ou Ícone foi entronizado pelo frades franciscanos, pois, Ícones são tradicionalmente utilizados por eles em suas liturgias e rituais.
Dentre as diversas pessoas que cuidaram da Imagem, uma delas foram a mãe da Senhora Maria Muniz e posteriormente a Maria Muniz, hoje uma das antigas habitantes do Peixe Cru Antigo e que esta presente no atual povoado.
“Nos ia todo dia reza lá na cruz do artal da Capela, pedia o Bom Jesus saúde,fartura na mesa, que nos livrasse de doenças. Também de vez enquando nós dissia ele e limpava pra tirar a puera. Mas era um repeito que mamãe tinha que era de dar medo até. Depois que ela morreu, eu também cuidava,tinha a preocupação de limpar sempre.Depois que tirou a Capela e a Cruz pra cá eu num mexi mais não.” ( Sr. Maria Muniz – Habitante de Peixe Cru- Velho e Novo.)
       Atualmente, a Imagem do Bom Jesus de Peixe Cru está entronizada no altar Mor da Capela no mesmo lugar dos anos da antiga Peixe Cru, mantendo assim tradição.
Muitas pessoas da Comunidade procuraram zelar por este Ícone, através de limpeza. Os leigos que cuidam da Capela e da Imagem vão sendo permutado conforme determinação do padre e do conselho da comunidade;estas pessoas são: Padre Éderson (responsável eclesiástico), José João, Valdir Muniz dos Santos, Eunice de Fátima Oliveira, Jacinta ferreira Muniz, Maria das Dores oliveira dentre outros que vão surgindo e oferecendo para colaborar na manutenção do bem cultural e religiosos
      Em fins desse século e início dos anos 2000, como já abordado, foi marcado pela construção da Usina de Irapé e o conseqüente traslado de toda a comunidade para o Novo Peixe Cru.
       Esse processo previu, entre outras ações, a restauração do crucifixo do Senhor Bom Jesus, a qual aconteceu entre os anos de 2005 e 2006, por técnicos trazidos pela Concessionária responsável pela Usina.
A imagem chega, então, à atualidade, revitalizada, de todo modo, acrescida à reconstrução da nova capela, como já foi discutido nesse dossiê.
        A festa do Senhor Bom Jesus e sua devoção ganham espaço fortemente destacado, dada a facilidade de acesso à nova comunidade, a qual fica à beira do trevo de Turmalinense.
        A imagem foi também, redescoberta, por muitas pessoas interessadas no seu caráter artístico, posto em evidência ao crescente número de visitantes na comunidade.
Descrição e Análise do Bem Cultural
    Visita Técnica para Laudo realizada por Eduardo j. Cordeiro -2010.
      O crucifixo, como colocado, apresenta características de ícone. De fato, uma primeira análise dos seus elementos dá a entender tais características de modo até evidente.
         Esse tipo de manifestação artística tem uma origem Ocidental, tratando sempre de temas religiosos, apresenta sempre figuras pintadas sobre painéis de madeira, geralmente com cores simbolicamente definidas e caracteres imagéticos próprios. No que diz respeito a esses últimos, é constante a presença de olhos grandes, bem como a presença maciça da cor amarela, a qual representa o divino.
     Nas pinturas representativas de Jesus, sua figura aparece simbolicamente glorificada, mesmo nas pinturas de crucificação. De fato, os ícones de Jesus Crucificado apresentam-no apenas com as cinco chagas, ditas gloriosas e o símbolo ICXC (abreviatura de Cristo em grego) sobre a sua cruz.
       A análise do crucifixo demonstra alguns sinais iconográficos tais como os grandes olhos e a presença de suas chagas. Além disso, embora enfraquecida, há uma sutil presença da tonalidade amarela, marca fundamental da arte iconográfica. Esses elementos, entretanto não são suficientes para classificá-lo como um ícone, senão para atribuí-lo a um artista ocidental.
     Esses elementos, senão completamente, ao menos de modo bastante amplo, dão uma idéia do valor dado, bem como da procura devota ou mesmo por conhecer o crucifixo.
     A Imagem moldura com base para parede, esta exposta no altar Mor da Capela fica anexada na parede central acima de um altar de madeira ypê. Possui as seguintes dimensões: 1,80m de altura; 0,90m de largura; e 0,35m de espessura conforme apresenta a Cartografia anexada ao dossiê. Possui umaPintura: Artesanal. A imagem lembra muito um icone,embora os icones sâo pintados diretamente na madeira; ela apresenta um procediemnto idêntico,difereciando-se apenas a te-la ,como material utilizado na cruz.
       Foi pintado em uma tela e anexado sobre um painel de madeira, aberto em formato de cruz romana. Sobre a superfície aplainada foi feito o desenho e procedeu a pintura pela aplicação do dourado ( cor amrelada), nos, fundo representando resplendor ou coroa. Pintura da veste de cor branca. O efeito tridimensional era alcançado misturando ocre ao branco e aplicando essa tinta mais escura nas maçãs do rosto, nariz e testa. Uma fina camada de verniz avermelhado da o sutil acabamento final a lábios, face e ponta do nariz. Um verniz marrom foi usado no cabelo, barbas e detalhes dos olhos.
       A produção de ícones religiosos era considerada uma arte nobre, que necessitava grande preparação técnica e espiritual. O pintor precisava se purificar de corpo e alma para conseguir a perfeição, achava-se que o divino operava pela mão do pintor, então era inoportuno assinar a obra.
      Apresenta ainda algumas características físicas peculiar: a do homem adulto, com barba, de cabelos longos. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, distendidos até as orelhas, são da cor da terra, porém mais reluzentes. Tem no meio da sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos Nazarenos; o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, rugas ou manchas sanguíneos se vê em sua face de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave; tem os olhos graciosos e claros; O rosto barbado, que para a história judaica, representava, para o homem do sexo masculino, o amadurecimento e a autoridade – era um símbolo “patriarcal” numa sociedade marcadamente patriarcal e, dir-se-ia hoje, “machista”. Os olhos de Jesus estão cerrados: Ele já não olha fisicamente para o mundo que salvou. Ele vive e é eterno. A veste de Jesus é um simples pano sobre o quadril - um símbolo tanto do Sumo Sacerdote como de Vítima. O tórax e o pescoço são muito fortes.
        A cruz é um dos símbolos mais antigos e universais. O Bom Jesus está pregado em uma cruz de madeira. O braço horizontal foi associado com o terrestre, mundana, feminino, temporal, destrutivos, e negativa, passiva, e de morte, enquanto que o braço vertical da comunicação celeste, espiritual, masculino, eterno, criativo, positivo, ativo, e de vida. Muitas vezes simbólica dos quatro elementos da terra: água, fogo, terra e ar.
        De fato, o valor imagético, embora os elementos iconográficos já citados é muito superior ao valor simbólico, o que seria o caso de um ícone. Por outro lado, os ícones sempre foram pintados em madeira, sendo proibidas nas Igrejas Orientais, onde se origina sua representação escultural.
      Esse fato visa historicamente um impedimento ao retorno dos antigos deuses ditos pagãos, os quais eram representados sob a forma de esculturas.
Embora se trate de uma colagem em madeira, a imagem do Cristo apresenta uma concepção completamente estranha à arte iconográfica. A sua concepção, em tela, passada depois para um crucifixo, torna estranha uma relação qualquer com o citado modo grego.
          Se, de fato, o crucifixo não pode ser classificado absolutamente como um ícone, pode-se dizer que ele acata características mistas, sendo fruto do trabalho de um artista provavelmente experiente que, para conceber tal obra, misturou tendências através da história.
Entretanto, a sobreposição da tela ao crucifixo não encontra nenhuma caução artística possível, e seu aparecimento deve-se, provavelmente à ação de devotos que efetuaram tal trabalho aproveitando um quadro pré-existente. Essa hipótese parece mais plausível, dando a segurança, inclusive de se tentar a possibilidade da concepção da imagem numa tela com os demais componentes que aqui não aparecem.
         Partindo dessa caracterização, poder-se-ia supor que a imagem, pintada fizesse parte de alguma obra já existente, a qual carregaria elementos que se pudessem comunicar com a figura do Cristo, trazendo, assim, o simbolismo de cores que se espera.
Entretanto, mesmo assim, o esquema de cores não bate com a arte iconográfica. Afinal, mesmo que o Cristo fizesse parte de um quadro preexistente e mesmo com os já citados elementos, os quais apontam para uma possível relação com os ícones orientais, as cores que se apresentam na figura têm uma relação insuficiente com a intensidade das cores dos ícones.
      Desse modo, pode-se entender que o artista, embora conhecesse a supracitada manifestação oriental, reservava-se ao direito de dialogar com ela, atribuindo características bastante ocidentais ao seu conjunto.
          De fato, mesmo uma análise superficial da imagem já aponta a evidente polidez nos seus traços, a qual não poderia partir de um artista inexperiente ou sem algum tipo de conhecimento técnico.
      Além disso, a clareza na comunicação das cores, bem como o evidente efeito tridimensional da figura não poderiam ter saído de mãos laicas, em matéria de arte. O diálogo entre tendências artísticas diversas, como mostrado, aponta traços ocidentais, os quais encontram dificuldade de se mostrar, dado que a figura, embora comunique bastante bem a paixão do Redentor, não contém elementos suficientes para transmitir sua filiação artística.
Realmente, se é possível que o Cristo desse crucifixo fizesse parte de uma obra, da qual foi extraído, é plenamente aceitável a idéia de que o entendimento completo de sua direção iconográfica (em sentido amplo) dependeria do conhecimento da obra na sua totalidade, o qual, como se observa parece, de imediato, distante.
         De qualquer modo, embora não seja possível uma precisão cartesiana na análise, pode-se encontrar algumas características com as quais possivelmente o artista tenha dialogado.
        A principal delas é a sobriedade das formas, bem como a serendidade da figura de Jesus. Tais caracteres lembram uma tendência neoclássica, embora, a princípio suas cores tendam para um ar distorcido, à maneira do Maneirismo.
Entretanto, nenhuma dessas duas tendências bate com a hipótese histórica original de aparecimento do crucifixo, a qual remete a uma data posterior à de tais escolas.
       Esse empecilho histórico aplica-se especialmente a essa segunda escola, a qual se distancia da primeira possível datação desse Cristo em mais de um século (O Maneirismo se manifestou mais fortemente nos séculos XVI e XVII). Entretanto isso pode levar a crer que o quadro, quando de sua transmissão à capela do Senhor Bom Jesus em Peixe Cru, já carregava consigo alguns anos e, até séculos, de história.
      Se de fato, as tais características se aplicam, como mostram suas formas e cores, o mesmo não veio como obra estritamente nova para a Capela do Senhor Bom Jesus, em Peixe Cru.
     Trata-se, portanto, de uma obra com características mistas, concebida em datação duvidosa, localizada, possivelmente, entre os séculos XVII e XVIII, a qual sofreu, provavelmente ação de restauração ou adaptação por parte de alguma pessoa, ou algumas pessoas, que não seu artista original.














Mensagem Natalina.


                                               Eduardinho.
Há aproximadamente dois mil anos atrás nasceu, neste mesmo mundo,uma criança.Ninguém, nem mesmo Ele, poderia imaginar o que o esperava, o que lhe ditaria seu destino como Homem, vivendo neste Planeta.Um criança como todas as demais que estão nascendo hoje em dia.
Foi um bebê amamentado, por sua mãe, como outro qualquer, que o tomava no colo dava-lhe o peito, com o cuidados de Mãe!Chorava, fazia manha, quando precisava ser trocado, ou quando tinha sono, sede, fome!
Não que eu não goste da época de Natal. Gosto de admirar as luzes, a cidade toda enfeitada, ruas iluminadas, coloridas, os troncos das árvores que mais parecem uma cachoeira de brilhos!Aí eu fico observando a correria das pessoas, a compulsão exacerbada pelas compras, casais discutindo sobre o que compra.
Chega o dia esperado!
A árvore rodeada de presentes, que serão distribuídos só à meia-noite, e uma ceia maravilhosa na mesa!
Na verdade, em nenhum momento da festa, ninguém se lembra do verdadeiro Espírito de Natal!
Não fazem uma prece de agradecimento por tudo o que puderam usufruir naquela noite e, muito menos, se lembraram do Aniversariante!
Seria inútil Jesus nascido na manjedoura em Belém, no Presépio, se não nascesse em nosso coração também.
Estatuto do Natal
Art. I:
Que a estrela que guiou os Reis Magos para o caminho de Belém guie-nos também nos caminhos difíceis da vida.
Art. II:
Que o Natal não seja somente um dia, mas 365 dias.
Art. III:
Que o Natal seja um nascer de esperança, de fé e de fraternidade.
Parágrafo único:
Fica decretado que o Natal não é comercial, e sim espiritual.
Art. IV:
Que os homens, ao falarem em crise, lembrem-se de uma manjedoura e uma estrela, que como bússola, apontam para o Norte da Salvação.
Art. V:
Que no Natal, os homens façam como as crianças: dêem-se as mãos e tentem promover a paz e o bem.
Art. VI:
Que haja menos desânimos, desconfianças, desamores, tristezas. E mais confiança no Menino Jesus do Presépio.
Parágrafo único:
Fica decretado que o nascimento de Deus Menino é para todos sem distinção social e étnica.
Art. VII:
Que os homens não sigam a corrida consumista de "ter", mas voltem-se para o "ser", louvando o Seu Criador.
Art. VIII:
Que os canhões silenciem que as bombas fiquem eternamente guardadas nos arsenais, que a Paz reine nas Famílias, Nas Instituições Educacionais, nas Religiões, no Mundo, Nos Corações. Que se ouçam os anjos cantarem Glória a Deus no mais alto dos céus.
Parágrafo único:
Fica decretado que o Menino de Belém deve ser reconhecido por todos os homens como Filho de Deus, irmão de todos!
Art. IX:
Que o Natal não seja somente um momento de festas, presentes.
Art. X:
Que o Natal dê a todos um coração puro, livre, alegre, cheio de fé e de amor.
Art. XI:
Que o Natal seja um corte no egoísmo. Que os homens de boa vontade comecem a compartilhar cada um no seu nível, em seu lugar, os bens e conquistas da civilização e cultura da humildade.
Art. XII:
Que a manjedoura seja a convergência de todas as coordenadas das idéias, das invenções, das ações e esperanças dos homens para a concretização da paz universal.
Parágrafo único:
Fica decretado que todos devem poder dizer ao se darem as mãos:
Feliz Natal para todos.