sábado, 15 de janeiro de 2011

PATRIMÔNIO IMATERIAL

Arte de Confeccionar Tambores.
Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais
Vila Nossa Senhora de Fátima – Capelinha.
Prof. Eduardo José Cordeiro
            É uma arte singular e quase desaparecida na região de confecção de cunho folclórico, já que os instrumentos são utilizados em ritos e danças, são de origem imemorial. O trabalho manual é a metodologia do Senhor Francisco. Este método é utilizado em matéria prima; Com sensibilidade, perícia e cuidado, o trabalho artesanal é executado pelas mãos que modificam a matéria utilizando elementos disponíveis e técnicas de produção típicas da sua localidade.
              Os materiais utilizados para confecção das caixas são: Madeira Tamboril; Madeira açoita Cavalo; Madeira aroeira; Cipó; Coro de Boi; Ripa; Cordão; Cera de Abelha; Penugem de Galinha; Cordas.


HISTÓRICO:
             ARTESÃO DE CAIXAS (TAMBORES DE FOLIA) – O senhor Francisco Xavier é morador da comunidade das Vendinhas, ou Vila Nossa senhora de Fátima 35 anos aproximadamente, tendo 48 anos de idade; aprendeu a arte de fazer tambores (caixas) de madeira na sua juventude junto ao pai e outros artesãos que confeccionavam tais objetos. Essas peças são usadas para acompanhar as vozes agrupadas que em sintonia e jogos de sons instrumentais e vozes fazem a folias assim como para compor um grupo de tocadores. É rara a existência de povos possuidores dessa técnica, são então chamados de artesãos de tambores, sendo nesta comunidade apenas um; Existem aprendizes e ajudantes no trabalho de confecção, pois conforme o artista não seria possível a confecção desses tambores sem auxilio de terceiros. O ensino da confecção dos instrumentos musicais se dá tanto por meio da visualização quanto da manipulação do material.
DESCRIÇÃO:
Este trabalho de confecção apresenta quatorze fazes para que o objeto esteja em estado pleno de uso.
1º-Retira-se a madeira tamboril; Esta madeira encontra-se na região com muita escassez. O período para o corte é de agosto a setembro apenas.
2º-Ao retirar a madeira tamboril, deverá em seguida colocá-la para secar num período de 60 a 90 dias.
3º-Depois do período de desidratação da madeira ela é transportada para a oficina, onde será trabalhada no torno até chegar na forma e tamanho desejado.
4º-Depois de modelado a madeira no torno, o artesão trabalha-a com o formão, perfurando o centro da madeira, criando um oco para a produção de sons.
5º-Depois desta etapa já terminada, volta na mata e retira a madeira conhecida na região como açoita cavalo, cujas características é de uma madeira menos resistente (fraca).
6º - Logo depois da retira da madeira, lavra, plaina e cerra,formando as peças que tornaram os arcos do tambor (caixa).
7º - Nesta fase é necessário voltar á mata para recolher o cipó denominado prata, para costurar o couro, fabricando a tampa para ser anexada na diagonal superior e inferior da caixa.
8º - Prepara-se o coro, limpando-o, esticando-o para secagem e em seguida deve-se recortá-lo, dando forma ao mesmo. Este processo dura três dias.
9º - Depois dos três dias costuras o couro ao cipó.
10º- Pega a ripa e perfura par passa os cordões que são utilizados para sustentar a estrutura do tambor, denominado de apertador.
11º- Passa cera da abelha nos cordões para trava-los e impedir que eles se movam.
12º- A confecção da resposta.  Resposta - peça utilizada para afinação do som da caixa. Este    por sua vez é feito de penugem de galinha que encapa o barbante.
13º- Introduz as cravias – Chaves de apertar as cordas. Sendo a caixa composta de duas cordas.
14º- Para finalizar, é feito as baquetas;feitas de madeira de aroeira ou jacarandá para tocar ou bater na caixa e provocar o som. Também são produzidas as alças.

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