quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Artesanato- Arte e Técnica - Senador Modestino - Vale do Jequitinhonha.

Fonte: Aléx - Senador.
Prof.Eduardo José Cordeiro.
Informações Abreviadas.
            A prática do uso das fibras da bananeira chega ao município de Senador Modestino Gonçalves no final do Século XVIII e início do XIX. Sem datas acertadas; mas encontra traços desta herança deixada, até dias atuais.
Foi o século XVIII e fortemente inicio do XIX, especificamente o período histórico do tropeirismo,quando surgiram as primeiras fabricações de esteiras,peneiras; e as técnicas do uso das fibras de bananeira já eram utilizadas para a confecção de esteiras pra dormir. Isso ocorreu na região de Senador Modestino. E vem perpetuando por anos a fora.
Mas tomou um novo impulso no ano de 2006, com a criação da Associação de Artesãos. Mas estas atividades começaram nos quintais das casas da Família Amaral, depois outras famílias foram aprendendo e começaram também a trabalhar em suas casas; cada família cultivava o plantio de bananeiras nos fundos dos quintais, até ser criada a Associação.
Estes artesãos são formados por pessoas de diversas idades: Terceira idade, jovens e crianças. A maioria dos membros são filhos, netos, parentes próximos, distantes, amigos, conhecidos da Família Amaral; afirmam que esta é uma das famílias mais antiga na técnica em fibras de bananeira e que seus antepassados já fabricavam o artesanato.
As atividades foram ampliando suas atividades à medida que o grupo de artesãos foram aumentando, devido o incentivo do governo municipal através da casa de cultura. Com o crescimento continua do grupo, com a procura intensa do produto por turistas e visitantes; com a procura intensa conseqüente das mostras culturais no município, Belo Horizonte e outras regiões, causaram o desenvolvimento da técnica e a permanência desses trabalhos até o tempo presente.
 Tendo a prática e a técnica do artesanato todo esse aporte burocrático já bem instituído, uma organização e atuação em conjunto com a comunidade local, é de suma importância que seja reconhecido como um bem imaterial a ser preservado. Trata-se do passado, e presente da memória, da tradição de um povo, de uma região de suma importância na história do estado de Minas Gerais e também do Brasil.
O mercado Municipal é o lugar onde ocorrem as manifestações artísticas e as reuniões, assim como as atividades de construção artesanal. 

Identificação Dos Agentes E Descrição dos Papéis/funções.
Os artesãos ou grupos de artesãos recebem uma classificação segundo a forma de organização do trabalho que executam. São identificadas as seguintes funções e estruturas organizacionais:
Mestre artesão: Indivíduo que se destacou em seu ofício, conquistando admiração e respeito não somente de seus aprendizes e auxiliares artesãos, como também dos clientes e consumidores. Sua maior contribuição é repassar, para as novas gerações, técnicas artesanais e experiências fundamentais de sua atividade.
Artesão: É o que detém conhecimentos técnicos sobre os materiais, ferramentas e processos de sua especialidade, dominando todo o processo produtivo.
 AprendizÉ o auxiliar das oficinas de produção artesanal, encarregado de elaborar partes do trabalho e que se encontra em processo de capacitação.
Artista: Todo artista deve ser, antes de tudo, um artesão, no sentido de dominar o "saber fazer" de sua área de atuação. Desenvolve em seu trabalho uma coerência temática demonstradas em seu compromisso de criar sempre coisas novas e ir além do já conhecido.
Núcleo de produção familiar A força de trabalho é constituída por membros de uma mesma família, alguns com dedicação integral e outros com dedicação parcial ou temporária. A direção dos trabalhos é exercida pelo pai ou pela mãe (dependendo do tipo de artesanato que se produza), que organizam os trabalhos de filhos, sobrinhos e outros parentes. Em geral não existe um sistema de pagamentos pré-fixados, sendo as pessoas remuneradas de acordo com suas necessidades e disponibilidade de um caixa único.
Grupos de produção artesanal: Agrupamentos de artesãos atuando no mesmo segmento artesanal ou em segmentos diversos e que se valem de acordos informais, como aquisição de matéria-prima e/ou de estratégias promocionais conjuntas e produção coletiva.
Empresa artesanal: São núcleos de produção que evoluíram para a forma de micro ou pequenas empresas, com personalidade jurídica, regida por um contrato social. Como quaisquer empresas privadas, buscam vantagens comerciais para continuar a existir. Empregam artesãos e aprendizes encarregados da produção e remunerados, em geral, com um salário fixo ou uma pequena comissão sobre as unidades vendidas.
Associação: AMA - Uma associação é uma instituição de direito privado sem fins lucrativos, constituída com o objetivo de defender e zelar pelos interesses de seus associados. São regidas também por estatutos sociais, com uma diretoria eleita em assembléia para períodos regulares.
O artesanato à base de fibras de bananeira em Senador Modestino parte de uma divisão de tarefas simples, porém, organizada. O trabalho, como ressaltado, está em processo de organização cooperativa, o que coloca todos os artesãos na condição, também de promotores e vendedores de sua própria arte.
Para tanto, têm sido oferecidos cursos básicos, em parceria com o SEBRAE, de administração e marketing, buscando desenvolver nos cooperativados um espírito também empreendedor e comercial.
A partir disso, a estrutura vertical linear dá lugar a uma estrutura democrática e rotativa, na qual todos os artesãos são igualmente responsáveis por sua produção e pela comercialização da mesma.
No processo de produção cooperativa, os manufatores, através de parcerias com o Governo do Estado, Prefeitura e SEBRAE, desenvolvem condições de encontrar parceiros comerciais, especialmente compradores, aumentando seu rendimento e potencializando a dimensão empreendedora do seu trabalho.
A produção artesanal de objetos a partir da fibra de bananeira tem se tornado, então, muito mais organizada, com a divisão e, também, a diversificação de tarefas, as quais incluem, como exposto acima, muito mais que a simples produção, ou antes, a produção doméstica.
De fato, a organização de trabalho atual, embora abrindo mão de protagonistas determinados, torna todos os artistas protagonistas do processo, partícipes de um objetivo que é de cada um, porém do grupo.
O processo, no entanto, é organizado e dividido, realizando-se uma divisão de trabalho dada por condição de proximidade e facilidade na produção de determinados produtos.
Assim, as tarefas na produção vão sendo colocadas de acordo com a especialidade de cada artesão, aproximando, assim o artista do trabalho que o identifica além de, obviamente, potencializar a produção.
Essa estrutura, entretanto, não é cristalizada, apresentando variantes de acordo com a demanda, havendo rotatividade em caso de necessidades maiores na produção de determinado tipo de peça.
Essa mobilidade permite, ao mesmo tempo, assegurar a cada um aquilo que lhe é mais peculiar, ou seja, seu espírito criador, ao passo que, também, apresenta à arte de cada um seu espírito funcional.

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